terça-feira, 23 de novembro de 2010

LIVRO O VAMPIRO (A BÍBLIA DOS ADOLESCENTES) PÁG 15




O VAMPIRO
(A Bíblia dos adolescentes)
Alcio


ZMF Editora


1º Edição


PRIMEIRA PARTE


PAVOR E ÊXTASE


CAPÍTULO 3


A CIDADE


Pág 15

..., as armas dos policiais de verdade. Seria o caos, dizem muitos, um confronto deles com essas armas com os representantes da lei. Mas eles, por tática - dizem também alguns - não o fazem de forma sistemática. Teria um efeito negativo no ramo de venda de narcóticos, as vendas cairiam sobremaneira no período, dizem ainda mais outros. Chocaria a opinião pública. E o exército também provavelmente haveria que intervir, se se chegasse a ousar o confronto de frente. Age-se com discrição, pois.

Continuemos a caminhada. E, por toda parte, encontramos as duas faces de uma mesma moeda. Do lado dos da rua, a iniciativa e, não raro, a criatividade e a justiça pelas próprias mãos. Do lado dos que se aprisionam detrás de grades de ferro altíssimas, guarnecidas muitas vezes por vigilantes armados, o medo e a fronte molhada de suor.

E o único ele pacífico, o único denominador comum entre esses dois mundos, o da rua e o das casas e dos apartamentos trancados a sete chaves, é um terceiro mundo - de fantasia: o da televisão. O humilhadíssimo aposentado, o menor da sarjeta, o menino rico do portão de aço e arame farpado, o pedinte universitário, o industrial que morre de pânico de caminhar sem escolta, a prostituta esquálida e desnutrida que aposta a vida a cada dia e a cada vez que transa...todos eles inebriam-se e curvam-se hipnotizados diante do devaneio fantástico da tela. Todos inebriam-se com ela, porque todos os valores da vida são passados a limpo é justamente ali. Exatamente ali. E se acaso a garota-propaganda acende diante de nossos pobres olhos um cachimbo de espirais de ouro, todos os mortais que não fumam experimentam na alma a nostalgia dos haréns. E, se outra ninfa diz: "o quê? Você ainda não comprou o seu par de patins Jovem-Chic?" Cada um de nós sente desabar sobre nossas cabeças o céu e o estigma das humilhações seculares...se acaso ainda temos....

Pág 15

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